Há mais de 250 milhões de anos, pouco antes do surgimento
dos primeiros dinossauros, um réptil chamado Bunostegos dominava grande parte
da Terra.
Sua aparência imponente devia causar impacto na paisagem
desértica da Pangeia central (o supercontinente anterior à ruptura que gerou as
divisões continentais atuais). Hoje, seu território ocuparia o norte do Níger.
“Imagine um réptil herbívoro do tamanho de uma vaca, com um
crânio encaroçado e uma carapaça óssea no dorso”, descreveu a pesquisadora-chefe
do estudo, Linda Tsuji, da Universidade de Washington, em um comunicado à
imprensa.
Batizado com um nome bastante pertinente – Bunostegos
significa “teto saliente” -, esse curioso animal pré-histórico era um
pareiassauro, um enorme réptil herbívoro, comum em toda Pangeia. A maioria dos
répteis desse período possuía saliências ósseas no crânio, mas não se comparam
à do Bunostegos. Elas seriam como cornos recobertos por pele, como o das
girafas, ou, pelo menos, é o que especula a atual teoria.
Nas girafas, essas protuberâncias ajudam a diferenciar os
machos das fêmeas, já que apenas as fêmeas têm tufos de pelos nessa região. Os
cornos também ajudam a proteger a cabeça dos machos durante os combates, um dos
motivos pelos quais não têm pelos ou pele, que vão se soltando com o tempo. É
provável que essas saliências tivessem uma função parecida nos pareiassauros.
Como o Bunostegos tem características semelhantes às de
répteis ainda mais antigos, os pesquisadores acreditam que uma população
isolada tenha persistido no supercontinente durante milhões de anos.
“Nosso trabalho sustenta a teoria de que a Pangeia central
era climaticamente isolada, permitindo que uma fauna singular sobrevivesse até
o fim do Permiano”, afirmou o co-autor do estudo, Christian Sidor, também da
Universidade de Washington. “Isso é surpreendente porque as amostras de fósseis
de animais encontrados fora da região central da Pangeia mostram um intercâmbio
regular de espécies, anterior à era dos dinossauros”.
“As pesquisas nessas bacias menos conhecidas são
extremamente importantes para uma interpretação significativa do registro
fóssil do Permiano. Nossa compreensão desse período e da extinção em massa que
marcou seu encerramento depende da descoberta de mais fósseis como o bizarro
Bunostegos”, afirmou o paleontologista Gabe Bever, que não participou do
estudo.
Apesar da popularidade da extinção em massa que varreu os
dinossauros da face da Terra, Bever se refere a outra extinção, que abriu
caminho para que os primeiros dinossauros dominassem o planeta.
O Bunostegos é a prova de que animais enormes já existiam
antes do surgimento do tiranossauro rex e de outros dinossauros. Ao que parece,
eles precisavam ser muito resistentes para sobreviver em um ambiente tão
hostil.
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