Os cientistas acreditam que o urso polar de 16 anos
encontrado morto, em Julho, no Norte do arquipélago norueguês de Svalbard, em
pleno oceano Ártico, foi vítima do aquecimento global. O animal terá morrido de
fome, devido ao desaparecimento dos bancos de gelo naquela zona, onde a espécie
costuma caçar focas para se alimentar.
“Tendo em conta a sua posição deitada, parece que
simplesmente o urso estava esfomeado e morreu no sítio onde caiu”, afirma Ian
Stirling, que tem estudado os ursos polares nos últimos 40 anos, citado pelo
Guardian. Stirling examinou o cadáver do animal e concluiu que este não tinha
qualquer sinal de gordura corporal e estava reduzido a “pouco mais do que pele
e osso”.
O urso tinha sido visto por cientistas do Instituto Polar
Norueguês em Abril, no Sul de Svalbard, e nessa altura parecia saudável. Já
tinha sido encontrado, alguns anos antes, naquela mesma área. Os especialistas
acreditam que o facto de ter sido agora encontrado morto, a 250 quilómetros do
local onde era visto normalmente, significa que o urso andava fora da rota
habitual.
Os especialistas acreditam que o animal terá seguido os
fiordes, grandes entradas de mar entre altas montanhas rochosas, dirigindo-se
para norte.
Os ursos polares alimentam-se quase exclusivamente de focas
e precisam de bancos de gelo, onde as capturam. No ano passado, devido ao
aquecimento global, os bancos de gelo do Ártico atingiram mínimos históricos.
“A quebra dos bancos de gelo em Svalbard em 2013 ocorreu muito mais rapidamente
e mais cedo”, explica Prond Robertson, do Instituto Meteorológico da Noruega.
Segundo este especialista citado pelo Guardian, a água
quente entrou nos fiordes da zona ocidental em 2005 e 2006 e mantém-se por lá.
“A maioria dos fiordes e dos canais inter-ilhas em Svalbard
não congelaram normalmente no último Inverno e por isso muitas das áreas onde o
urso sabe que pode ir caçar focas na Primavera não foram tão produtivas como é
costume”, afirma Ian Stirling. Conclusão: o animal provavelmente foi à procura
de comida noutra zona mas não teve sucesso.
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza
(IUCN, da sigla em inglês), oito das 12 populações de ursos polares do Ártico
sobre as quais há informações disponíveis estão em declínio. Três estão
estáveis e apenas uma está a evoluir favoravelmente.
A IUCN estima que, a acentuar-se o ritmo do degelo, entre um
terço e metade dos ursos polares vai morrer nas próximas três gerações, ou
seja, nos próximos 45 anos.
Fonte publico.pt
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