Uma equipe de biólogos europeus e americanos identificou duas novas espécies de vermes que se alimentam de ossos de baleia na Antártica. O estudo sobre o Osedax antarcticus e o Osedax deceptionensi foi publicado nesta quarta-feira (14) na revista britânica "Proceedings of the Royal Society B".
Esses vermes necrófagos (que comem restos orgânicos de plantas ou animais mortos) fazem buracos nos ossos de vertebrados nas águas geladas do Polo Sul.
Para comprovar isso, cientistas do Museu Nacional de História Natural de Londres submergiram em três lugares distintos da Antártica, por mais de um ano, pranchas com madeira (pinho e carvalho) e ossos de baleia, e depois recuperaram o material para analisá-lo.
Enquanto a madeira submersa a mais de 500 metros de profundidade permaneceu quase intacta, na falta de micro-organismos capazes de degradá-la, a ossada de baleia foi devorada.
"Cada osso de baleia estava coberto por uma grossa 'pele' rosada, composta de Osedax. De um dos lados, foi observada uma densidade de 202 espécimes por 100 cm²", destacam os autores.
Uma das vértebras de baleia submersas, localizada mais próximo da costa e situada a apenas 20 metros de profundidade, não demonstrava inicialmente esses sinais.
"Mas, depois de vários dias passados em um aquário, um pequeno tubo de muco foi observado no fundo de um buraco no osso, e se confirmou ser um espécime extremamente pequeno de Osedax deceptionensis", explicam os pesquisadores.
Além disso, há pelo menos 30 milhões de anos, o Polo Sul é completamente desprovido de árvores, o que significa que, com exceção dos destroços de navios encalhados, nenhum elemento de madeira foi introduzido nesse ecossistema marinho.
Desconhecido até 1996
Até então, os cientistas só conheciam cinco espécies de Osedax, sendo que a primeira só foi identificada em 1996. E todas viviam em águas muito mais quentes, a uma grande profundidade.
Essas descobertas confirmam que "as larvas de Osedax conseguiram colonizar os ossos no espaço de menos de um ano", escreveram Adrian Glover e sua equipe do Museu Nacional de História Natural de Londres.
Para eles, a colonização rápida e maciça dos vermes necrófagos é impressionante. Uma vez que baleias e outros cetáceos abundam as águas da Antártica, em busca de comida, os cientistas suspeitam que a população de Osedax ali seja muito mais importante e diversificada que o considerado até agora.
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