Morcegos Brasileiros cantam como pássaros




O canto não é exatamente algo natural. Para os humanos, requer um certo treino e cuidado, já que a forma errada de cantar pode danificar a garganta e as cordas vocais. Nenhum outro mamífero conhecido, com exceção dos cetáceos (baleias e golfinhos) e dos morcegos, consegue cantar. E em todos estes exemplos, estão envoltos o aprendizado vocal, balbúcios juvenis, dialetos regionais e transmissões culturais de vocalizações.

É claro que não podemos nos esquecer dos pássaros, já que existem uma imensidão de aves com cantos completamente diferentes, multi-silábicos e complexos. Mas você sabia que existe um morcego que não só faz a ecolocalização, mas que canta da mesma forma que um passarinho?

Ele é o Morcego sem rabo brasileiro (Tadarida brasiliensis), que apesar do nome, não é exclusivo da América do Sul. Suas canções são estruturadas de forma hierárquica, com sílabas específicas combinadas para formar frases, e por sua vez, formar canções complexas.

Uma descoberta recente da Universidade Internacional da Flórida aponta que estes morcegos variam a sintaxe em suas canções ao se deparar com diferentes situações sociais.

A princípio, apenas os machos cantam, e os cantos são pronunciados especialmente durante a época do acasalamento. Durante esse período, os machos estabelecem territórios com haréns de fêmeas, as quais eles defendem dos outros machos. No entanto, eles também cantam durante o ano todo, e até mesmo em colônias só de machos. Em suma, os propósitos sociais das canções vão muito além do acasalamento.

Numa colônia de cativeiro na Universidade A&M do Texas, machos começavam a cantar sempre que outro morcego voava ali por perto. Gravações foram feitas com as mais diversas passagens de morcegos pelas colônias, e os cantos eram reproduzidos para outros morcegos. E as reproduções sempre geravam respostas, com uma exceção: machos não respondiam às canções de outros machos.


Crédito: Kirsten M. Bohn

Aparentemente, as colônias de morcegos – que podem ser só de machos, só de fêmeas ou mistas – sempre conseguem diferenciar, em menos de 200ms, cantos diferentes. Como apenas os machos cantam, esses sons podem ser tanto de ameaça de um macho defendendo seu harém, quanto de um macho chamando outra fêmea para se juntar à todas as suas fêmeas.

Isso demonstra uma poderosa e complexa região de vocalização motora — algo que normalmente os morcegos não possuem. Os pesquisadores acreditam que mais dados sobre esta espécie pode ajudar a entender a evolução neural de pássaros e seres humanos.

Por Alexandre Ottoni e Deive Passos

fonte animalplanet

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